Por uma alimentação sem veneno
O ano de 2019 pode ser visto como o mais tóxico em mais de uma década e um trágico capítulo para a agricultura e a população brasileiras. Em apenas 12 meses, foram aprovados 503 novos agrotóxicos. Eles vão parar no nosso prato, contaminam trabalhadores rurais, o solo e a água que bebemos e destroem a biodiversidade. Se, em 2018, pressionávamos parlamentares para que não aprovassem absurdos como o Pacote do Veneno, em 2019 essa situação se agravou bruscamente. Como reação, a atuação do Greenpeace Brasil foi denunciar intensivamente na mídia e mobilizar a sociedade contra essa liberação indiscriminada de veneno.
De janeiro a dezembro, monitoramos e analisamos as liberações recordes de agrotóxicos feitas pelo governo Bolsonaro. Mostramos que, de todos os 503 produtos liberados, 34% contêm agrotóxicos não aprovados pela União Europeia. A agilidade na publicação dessas análises a cada nova liberação nos garantiu protagonismo junto à imprensa, parceiros e apoiadores.
Em junho, participamos da realização do seminário Terra e territórios: alimentação saudável e redução de agrotóxicos, no Congresso Nacional, com o objetivo de retomar as discussões da PNaRA – Política Nacional de Redução de Agrotóxicos, atrair novos parlamentares para a pauta e aumentar a pressão pública em torno do assunto. Com um auditório cheio, estiveram presentes especialistas, agricultores familiares, alunos e professores de universidades e figuras públicas como a chef Bela Gil. O seminário marcou o lançamento da Frente Parlamentar de Agroecologia.
Em setembro, participamos de uma comissão geral na Câmara dos Deputados para falar sobre os malefícios dos agrotóxicos. Nossa porta-voz, Marina Lacôrte, a chef Bela Gil e a pesquisadora da USP Larissa Bombardi estiveram presentes, com o apoio do Greenpeace. O evento foi uma tentativa da bancada ruralista de trazer novamente à pauta o Projeto de Lei 6.299/2002 (Pacote do Veneno). Com falas motivadoras e contundentes, muitos dos presentes defenderam um novo tipo de agricultura.
Para além dos riscos à saúde com o veneno no prato, os agrotóxicos são uma séria ameaça também às abelhas. Entre dezembro de 2018 e março de 2019, mais de meio bilhão delas foram encontradas mortas no Brasil. As abelhas nos ajudaram a engajar mais pessoas nas ruas e nas redes sociais. No Dia Mundial das Abelhas, lançamos um abaixo-assinado para alertar sobre os perigos que elas estão correndo, e mobilizamos nossos voluntários para “polinizar” diversas cidades brasileiras com atividades de conscientização sobre a importância desses insetos para o meio ambiente e as pessoas.