#ÓleoNoNordeste

Unidos contra mais uma tragédia do petróleo

No maior desastre ambiental da história na costa brasileira, manchas misteriosas de petróleo cru atingiram mais de mil localidades em ao menos 130 municípios de 9 Estados do litoral, entre Maranhão e Rio de Janeiro, mostrando claramente os riscos da exploração petrolífera.

Contaminou áreas sensíveis, como praias, mangues e inúmeras espécies da vida marinha. Pôs em risco a saúde dos moradores locais. Causou prejuízo econômico a quem vive da pesca e do turismo. E teve impactos sociais sobre as comunidades afetadas.

O Greenpeace Brasil prontamente enviou equipes para a região afetada, que permaneceram durante um mês em diversos locais. Diante da mobilização dos voluntários para a limpeza das praias, inclusive com a participação dos nossos grupos de São Luís (MA), Fortaleza (CE), Recife (PE) e Salvador (BA), a primeira ação do Greenpeace Brasil foi alertar para o risco à saúde ao ter contato direto com as substâncias cancerígenas do óleo. Também cobramos ações emergenciais dos governos para garantir a proteção das pessoas. Mas não paramos por aí.

O trabalho do Greenpeace Brasil em relação ao óleo foi dividido em 4 frentes e contou com duas bases operacionais montadas temporariamente em Porto de Galinhas (PE) e Caravelas (BA).

Documentação e denúncia

Em uma série de fotos, vídeos e relatos emocionantes publicados na imprensa e nas redes sociais, mostramos o impacto do óleo tóxico para o meio ambiente e para as pessoas. Ao entrevistar e expor a situação dos mais vulneráveis, como os pescadores e marisqueiras que ficaram sem renda e viram a fome de perto, demos voz àqueles que dificilmente recebem atenção do poder público.

Pressão pública

O Greenpeace cobrou a responsabilidade do poder público, especialmente do Governo Federal, em realizar ações efetivas de proteção e amparo aos atingidos pelo óleo. Para isso, fizemos mobilizações e protestos com nossos ativistas e voluntários, concedemos diversas entrevistas à imprensa e participamos de audiências públicas em apoio às demandas das associações comunitárias na cobrança por seus direitos.

Investigação e Pesquisa

Percorremos 226 quilômetros da costa de Pernambuco e Alagoas em um veleiro, realizando mergulhos de até 20 metros de profundidade com pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais. Eles coletaram amostras de sedimentos para detectar se havia óleo diluído e medir o nível de toxicidade da água. 

Em paralelo, nosso time de investigação se dedicou a analisar a dispersão das manchas de óleo por meio de imagens de satélite para detectar as possíveis causas ou a origem do vazamento, infelizmente sem sucesso.

Distribuição de EPIs

Ao todo, 900 kits de EPIs (Equipamento de Proteção Individual), como botas, luvas e máscaras, foram comprados e doados a grupos de voluntários e comunidades envolvidos na limpeza das praias em vários municípios do Maranhão, Ceará, Pernambuco e Bahia.

O fato inusitado foi que, pela primeira vez em sua história, o Greenpeace Brasil foi alvo da insinuação de um ministro de Estado – Ricardo Salles, do Meio Ambiente – que em sua conta em uma rede social deu a entender que a organização estaria por trás dessa tragédia ambiental. Usou, para isso, uma mentira: a de que nosso navio Esperanza estaria navegando em águas internacionais na altura do litoral nordestino por ocasião do derramamento de óleo. Nosso navio estava na Guiana Francesa, o que é facilmente verificável. Enfim, só nos restou entrar com uma ação no STF contra o autor de tamanho disparate, que, em virtude da sua total falta de competência e interesse para liderar o combate às terríveis consequências do vazamento de óleo, preferiu desviar a atenção da população com mentiras e boatos. Pagará o preço, com certeza, mas, infelizmente, esse preço será muito menor do que o custo que o nosso meio ambiente e a nossa sociedade ainda estão pagando pela inépcia e má-fé de quem os deveria estar protegendo.