Clima e Justiça

Luta contra o aquecimento global

Det-verde

Durante o ano de 2021, o projeto de Justiça Climática trabalhou fortemente, denunciando e contribuindo para a pressão aos líderes mundiais, e também ao governo brasileiro, sobre possíveis acordos que diziam respeito à crise climática. 

Investimos nas parcerias necessárias para o fortalecimento da luta contra o aquecimento do planeta, que tem na juventude sua base mais forte. E seguimos com o apoio a nossos voluntários e voluntárias, que sempre arregaçam as mangas para reforçar a mobilização. 

O ano também trouxe muitas evidências do que a ciência vem afirmando há tempos: os eventos climáticos extremos já são realidade e serão cada vez mais intensos e frequentes. Nesse sentido, ouvimos especialistas e vítimas das tragédias que tiveram seus depoimentos divulgados em nosso site e também no nosso podcast As Árvores Somos Nozes. 

Nós não apenas ecoamos essas vozes, mas contribuímos registrando e denunciando o abandono do poder público frente a quem passa por essas tragédias. Complementarmente, investimos em ações de ajuda humanitária, como no caso das famílias atingidas pela maior cheia do Rio Negro desde o início das medições. 

Ainda em contexto de pandemia, e com aprendizados de um período desafiador, o ativismo digital fez soar os tambores no Brasil e no mundo. A atuação em massa nas redes sociais, à qual o projeto de Justiça Climática se somou, foi fundamental para pressionar o presidente norte-americano, Joe Biden, a não fazer acordo com o governo Bolsonaro sobre a Amazônia. A portas fechadas, os líderes negociavam o anúncio da transferência de recursos bilionários para conter o desmatamento no Brasil. Porém, não havia qualquer garantia de que a verba seria de fato destinada à proteção das florestas. 

Também trabalhamos ativamente junto a outros parceiros, enviando cartas para o presidente Joe Biden, dialogando com o Congresso estadunidense e dando suporte a agentes da sociedade civil. Foi um esforço feito a muitas mãos para evitar um possível acordo. A pressão fez com que, pelo menos até aquele momento, Biden optasse por manter os Estados Unidos na liderança do enfrentamento da crise climática. Seria arriscado demais para o país que se esforça em se reposicionar como protagonista dessa luta, apoiar uma política que vinha sendo motor de morte e destruição. 

O novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em agosto de 2021, abordou a responsabilidade das ações humanas no superaquecimento do planeta. Atuamos na análise e repercussão dessas informações: conversamos com especialistas, em entrevistas divulgadas no site e no podcast. 

Também abordamos populações que sentem na pele as consequências da crise climática nas cidades. Em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA), prestamos ajuda humanitária a moradores de regiões periféricas da cidade de São Paulo – e escutamos essas pessoas sobre as inúmeras crises que se somam à crise climática e que elas vivenciam cotidianamente.

Assim como os demais países, o Brasil precisa se adaptar à nova realidade do clima mundial, que já impacta nossas vidas. Mas também precisa agir. Pressionar líderes mundiais e o poder socioeconômico por ações tem sido uma das frentes do projeto Justiça Climática, que traz consigo a demanda para que as soluções sejam construídas conjuntamente, considerando a ciência e as populações impactadas. 

Por isso, também ouvimos e repercutimos iniciativas agroecológicas na cidade de São Paulo, como a horta orgânica cultivada em Juquitiba (SP) por Tia Nice e Thiago Vinicius, da Agência Solano Trindade, de onde saem verduras para as marmitas que são feitas todos os dias no Organicamente Rango, o restaurante da Agência, na Vila Pirajussara.

O Brasil tem um plano nacional de adaptação climática que nunca saiu do papel. O governo não demonstra interesse algum em proteger a vida das populações em situação de vulnerabilidade e, consequentemente, mais expostas aos impactos da crise do clima. 

Como mais uma resposta a esse abandono, reforçamos mais uma vez o coro da luta da juventude do Fridays For Future por Justiça Climática, tanto na Greve Global pelo Clima – que realizou projeções alertando sobre a crise climática e o negacionismo do governo Bolsonaro em cinco capitais – como na Conferência do Clima da ONU, realizada em Glasgow (COP 26). Momentos fundamentais de luta em direção ao Brasil que queremos, mais justo e sustentável.

“Apesar da delegação oficial brasileira na COP 26 ter deixado de fora a sociedade civil, ela se fez presente e marcou a história da luta pelo enfrentamento da crise climática. Além da maior delegação indígena de todos os tempos, contamos com comunidades tradicionais, movimentos sociais e ONGs. Deixamos nosso recado: estamos de olho!”

Fabiana Alves, coordenadora da campanha de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil

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