Todos os Olhos na Amazônia

Apoio a povos e comunidades tradicionais

Det-verde

O Programa Todos os Olhos na Amazônia (TOA) manteve em 2021 seu objetivo de proteger a Amazônia por meio do apoio aos povos e comunidades tradicionais que vivem nessa região. O trabalho incluiu iniciativas de combate à Covid-19, campanhas, eventos e mobilizações.

© Tuane Fernandes / Greenpeace

Em 2021, o TOA protagonizou diversas ações de apoio aos povos indígenas da Amazônia. No mês de março, quando o Acre enfrentou uma cheia sem precedentes nos rios Acre, Juruá, Envira, Iaco e Purus, nós mobilizamos nossos recursos para dar assistência. Em maio, quando a casa de uma liderança Munduruku foi queimada no Pará, nos manifestamos contra o aumento dos ataques e chamamos os brasileiros para, juntos, darmos um basta na violência contra essas populações. Naquele mesmo mês, lembramos dos 10 anos do assassinato de Zé Cláudio e Maria, dois dos maiores ativistas que a Amazônia já conheceu.

Na frente de apoio às manifestações indígenas, acompanhamos a luta contra o Marco Temporal, que na prática pretende extinguir o direito originário dos povos indígenas a seus territórios. Representantes dos povos amazônicos foram a Brasília várias vezes, montando acampamentos, realizando marchas, protestos e ações que denunciaram a violência e o perigo dessa proposta.

Em junho, o ímpeto da luta foi maior que o medo da Covid-19 e deu origem ao acampamento Levante pela Terra, que durou quase o mês inteiro e levou mais de mil indígenas de 43 povos a Brasília. Em agosto, o acampamento #LutapelaVida tornou-se a maior mobilização indígena da história, com mais de 6 mil participantes de 173 povos de todo o país. Em setembro, a segunda edição da Marcha Nacional das Mulheres Indígenas levou as guerreiras da ancestralidade às ruas da capital federal.

O julgamento da proposta do Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal ainda não foi concluído. As manifestações de 2021 foram fundamentais para pautar o debate público e invadir os veículos de comunicação de massa com mensagens alertando sobre o prejuízo que o Marco Temporal representa para os povos indígenas, para a biodiversidade brasileira e para o equilíbrio climático do planeta.

"Com a adoção do Marco Temporal, as violações ocorridas no passado não só serão legalizadas, como poderemos ver no futuro diversas decisões anulando demarcações, surgimento de conflitos em regiões pacificadas e o incentivo a um novo processo de invasão de terras indígenas demarcadas. Não podemos deixar isso acontecer."

Carolina Marçal, porta-voz da Campanha Amazônia do Greenpeace

O programa Todos os Olhos na Amazônia (TOA) realizou também, em 2021, o monitoramento de terras indígenas na Amazônia brasileira, estudando e analisando padrões de desmatamento. Dois desses monitoramentos foram sistematizados e compartilhados com o público. No primeiro, mostramos que a Terra Indígena Karipuna, em Rondônia, manteve o triste título de uma das áreas indígenas mais desmatadas do Brasil. O desmatamento aumentou 44% em relação a 2020, causado, principalmente, pelo avanço dos pastos e das plantações de soja.

Em outro monitoramento, verificamos que, entre 2016 e 2021, o garimpo ilegal destruiu, pelo menos, 632 quilômetros de rios dentro das Terras Indígenas Munduruku e Sai Cinza, no Pará. Isso representa um aumento de 2.278% na extensão de rios destruídos dentro desses territórios. E ainda encontramos 16 pistas de voo abertas dentro das terras indígenas citadas.

Já em dezembro de 2021, denunciamos a invasão do Rio Madeira por centenas de barcos e dragas de garimpo ilegal, na região da comunidade de Rosarinho, na cidade de Autazes (Amazonas), bem próxima à capital Manaus. As imagens que fizemos da situação, captadas em um sobrevoo que foi acompanhado por veículos de imprensa, causaram comoção internacional – mostrando o grau de vulnerabilidade dos rios da Amazônia, o avanço do garimpo ilegal na região e o despreparo dos órgãos fiscalizadores.

© Bruno Kelly / Greenpeace