#AsasDaEmergência

União e solidariedade contra o coronavírus!

Se a pandemia da Covid-19 ameaçava amplamente os brasileiros, imagine o que ela poderia fazer com populações indígenas que vivem em áreas remotas, sem infraestrutura de saúde e desprotegidas pela deliberada omissão do Estado brasileiro? Em uma resposta rápida ao cenário, nos juntamos a uma rede de solidariedade com várias organizações parceiras para levar ajuda humanitária a centenas de comunidades da Amazônia Legal. Com o uso de nosso avião e viagens em três diferentes barcos, mais de 63 toneladas de materiais de saúde, proteção, medicamentos e alimentos foram entregues em cinco meses de operação.

No dia 8 de maio, quando o Asas da Emergência decolou pela primeira vez, literalmente, a região do Alto Rio Negro, no Amazonas, já enfrentava uma explosão de casos de Covid-19. Isso era muito preocupante pelos impactos que o coronavírus poderia causar nas comunidades indígenas que são historicamente mais vulneráveis a doenças pulmonares. Existem 23 povos indígenas vivendo em 750 comunidades de 11 territórios nessa região. Muitos desses lugares ficam a mais de 10 dias de viagem da capital Manaus, e são acessíveis apenas por barco ou avião.

Para dar conta das entregas, este esforço coletivo contou com a doação de milhares de pessoas, e a mobilização de ativistas e voluntários, como uma equipe de costureiras que transformou o nosso escritório em Manaus em ateliê para produzir mais de 4 mil máscaras que foram distribuídas para as comunidades. Esta colaboração contou ainda com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e suas organizações de base, e uma aliança com outras entidades, como o Instituto Socioambiental (ISA), o Expedicionários da Saúde (EDS) e a Operação Amazônia Nativa (Opan).

Partindo de Manaus (AM), onde ficava concentrada a nossa estrutura logística, as entregas eram realizadas por toda a Amazônia. Um dos principais municípios beneficiados foi São Gabriel da Cachoeira. Localizada no extremo noroeste do Amazonas e do Brasil, a cidade é considerada o município mais indígena do país, pois a maioria dos seus 45 mil habitantes tem essa origem.

De maio a setembro, foram 648 horas de voo e navegação, o que equivale a 27 dias ininterruptos. Toda a equipe e os materiais passaram por rigorosos processos de descontaminação. As entregas eram realizadas nas comunidades indígenas apenas por organizações locais parceiras que já estavam nos territórios, para reduzir ainda mais qualquer risco de contágio.

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"Se não fosse toda essa rede solidária, a gente poderia ter até um índice muito maior de óbitos aqui na região do Alto Rio Negro."

Marivelton Barroso, Presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN)