Programa Tatiana de Carvalho: apoio à pesquisa de novas espécies já ameaçadas na Amazônia
Por meio do Programa Tatiana de Carvalho, concedemos bolsas de mestrado e apoio a projetos de pós-graduação voltados à descoberta de novas espécies da fauna e da flora na Amazônia. O incentivo à pesquisa busca amenizar o quadro de baixo investimento público na Ciência e de ameaças à biodiversidade da região.
Tatiana de Carvalho foi uma das mais destacadas ativistas que já trabalharam pelo Greenpeace na Amazônia. Ao nos deixar em 2012, com apenas 36 anos, acumulava uma década de atuação na linha de frente da preservação da natureza. Em fevereiro de 2020, ela mereceu uma justa e tardia homenagem, com a criação do Programa Tatiana de Carvalho de Pesquisa e Conservação da Amazônia, que financia pesquisas sobre a biodiversidade da região.
Por meio de edital, o Programa ofereceu bolsas de mestrado e apoio a projetos de pós-graduação de instituições públicas de ensino e de pesquisa na Amazônia, nas áreas de Botânica e Zoologia. Um total de 22 projetos foi contemplado. Os selecionados já estão recebendo o nosso apoio por dois anos, em um investimento de R$ 438 mil, em duas categorias: bolsa de estudo individual e apoio financeiro a trabalhos de campo.
Um dos objetivos do Programa é incentivar estudos de novas espécies da fauna e da flora local, como meio de ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade amazônica. A iniciativa ganha importância redobrada em um momento de crise no investimento público em Ciência e de multiplicação das ameaças ao meio ambiente.
Mesmo com tantas dificuldades, apenas nos últimos quatro anos, entre 2016 e 2020, foram descobertas 600 novas espécies de plantas e animais na Amazônia. Muitas delas, inclusive, só se tornam conhecidas no momento em que estão ameaçadas pela destruição do seus habitats, seja pelo avanço do desmatamento, pelas queimadas ou pela contaminação do solo e da água em função do garimpo ilegal. Com o Programa Tatiana de Carvalho, queremos reforçar que o valor da floresta está em sua biodiversidade, ainda muito desconhecida por todos nós.
Além da pesquisa e documentação de espécies, nosso trabalho também se voltou a denunciar graves casos de desmatamento que estão ameaçando a biodiversidade local, como é o caso do Parque Estadual Serra Ricardo Franco, uma área de 158 mil hectares que fica na fronteira entre o Mato Grosso e a Bolívia, e vem sendo ocupada por pecuaristas para a criação irregular de gado. Outro caso é o trecho da BR-163, entre Cuiabá (MT) e Santarém (PA), muito usado para o escoamento da produção de soja, e cujas unidades de conservação próximas da rodovia vêm sofrendo constantes ataques de desmatadores e grileiros. Ambos os casos foram amplamente noticiados na mídia após a nossa denúncia.
"A velocidade em que perdemos floresta é infinitamente superior à velocidade em que compreendemos a nossa biodiversidade e a sua contribuição para o bem-estar da sociedade."
Cristiane Mazzetti, gestora ambiental da Campanha de Florestas do Greenpeace Brasil.
Uma ação que se destacou pela originalidade e oportunidade em 2020 foi o projeto Streamers em Extinção. Criada pela agência Y&R e realizada em parceria com a Gamers Club, nós transformamos jogadores famosos de games em animais em extinção da Amazônia, durante a transmissão de suas partidas, que foram acompanhadas por mais de 100 mil pessoas. Essa ação nos ajudou a alertar um novo público, o dos gamers, sobre o atual cenário de ameaças da Amazônia, abriu um novo canal de diálogo com os jovens no momento em que muitos estavam em isolamento social em função da pandemia, e ainda criou uma nova forma de arrecadação, pois muitos atenderam aos pedidos de doação para o Greenpeace, nos ajudando a levantar R$ 11.100,00 reais. Em junho deste ano, essa ação foi premiada com o Leão de Prata, em Cannes, considerado o Oscar da publicidade. Se não viu, confira o vídeo de apresentação: